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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Ciúme


O ciúme é irmão da insegurança e primo-irmão da dúvida. É claro que mesmo os mais descontrolados e descontroladas sabem disso. Mas nada, nenhum auto-conhecimento ou explicação trazem a razão de volta para o nosso pensamento. Esperamos o pior, baixamos as nossas expectativas com relação a nós mesmos e ao outro: é claaaaaaro que ele (a) está me passando a perna. Sempre me lembro da Capitu de Machado de Assis quando esse sentimento lampeja em mim, o homem que perdeu a mulher porque fantasiava que ela dormia com o melhor amigo. É triste, mas ninguém pode culpar mentes ciumentas e passionais. Qualquer padrão de comportamento, qualquer cena repetida desperta os mesmos sentimentos ruins de dúvida e abandono. Ele diz, mas pra que ciúmes? Isso já não aconteceu contigo também? Tu estavas sendo infiel quando passou por isso? Não, eu sei o que sinto e o que quero, mas não posso entrar na tua cabeça e saber o que tu sente. Ou talvez porque eu não presto mesmo que sei que não posso confiar em ti. Sentimento difícil, complicado, doloroso. Talvez apenas depois anos de prática ou de exercício do desapego. “and I don’t belong to you, and you don’t belong to me.”

Tabu




Começo com uma resenha do último filme que assisti no cinema e que quase me tirou lágrimas dos olhos: De repente, Califórnia. Detalhe que o titulo original é Shelter (abrigo, em inglês), mas traduziram para a música do Lulu Santos. “Garota, eu vou pra Califórnia, viver a vida sobre as oooondas…”

Não sei se por não estar muito na mídia ou para não ficar muito na pinta, o filme está sendo exibido na sala oito no Unibanco Arteplex do Bourbon Country – a menor sala do cinema, que mais parece o home theater particular da Xuxa.

Na sala, casais gays e gays desacompanhados, umas poucas meninas, e todos suspirando com a história de amor pouco convencional na tela.

Zach é um jovem grafiteiro que mora em uma cidade litorânea da Califórnia, e mora com a irmã e um sobrinho pequeno. Em uma das manhãs que vai pegar onda na praia reencontra o irmão do melhor amigo, que há tempos não dá as caras na cidade. Shaun se deu bem em L.A. e escreve roteiros para filmes. Só que ele é gay e ninguém sabe. Os dois se aproximam e numa noite de cerveja e confissões, Shaun acaba beijando o ingênuo Zach. Eles então se envolvem cada vez mais e o escritor vê no jovem artista um talento desperdiçado na cidade esquecida, cuidando do pequeno Cody fazendo o papel de mãe pela sua irmã e desperdiçando os dias em um lugar que não vai leva-lo a lugar algum. Tem até cenas mais fortes, mas nada indecente.



A paisagem exótica e linda, praias e morros, sol o tempo todo, dá para o filme um ar elegante e de sonho. De muito bom gosto. O que torna o filme bem mais tranqüilo se assistir, para quem não é acostumado a ver esse tipo de demonstração de amor. o escritor acaba inscrevendo Zach na escola Cal Arts, onde o guri já havia se inscrito uma vez e recusado a bolsa que lhe ofereceram. Dessa vez ele aceita, com a oportunidade da mudança da irmã com o namorado para outra cidade, para onde ela não poderia levar o filho.

Zach acaba indo pra L.A. com o grande amor e levam o pequeno junto. E todo mundo suspira no cinema. Coragem do diretor que fez o filme e apesar de não trazer o tabu homossexualismo para discussão, é um passo para quem não curte ver dois caras muito bonitos se beijando. No final, tudo acaba bem a história de amor até que vale a pena.

Ficha Técnica:

Shelter (2007)

EUA

Direção: Jonah Markowitz

Elenco: Trevor Wright (Zach) , Brad Rowe (Shaun), Tina Holmes (Jeannie, irmã do Zach), Jackson Wurth (Cody)

97 minutos

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