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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Postagem temática - retorno

Tinham se conhecido ainda crianças. Ela morava no segundo andar, na casa da parede verde com espelhos. Ele morava no prédio da frente, na casa meio abandonada. Isso porque nela morava ele com as três irmãs, mais a mãe que passava a maior parte do tempo trabalhando em uma confeitaria em outra cidade e o padrasto, que dormia na dependência de empregada.


Ele fingia, não gostaria que ela soubesse que ficava na janela esperando ela voltar da escola, nem que aproveitava a hora que ela estava saindo para ir até a padaria e então eles poderiam se encontrar no portão, ele poderia segurá-lo para ela e quem sabe trocar algumas palavras.


“Como foi o seu dia? Viu fulano de tal? Assistiu àquele filme?” E sempre com o peito apertado, sem saber se convidava ela pra ir ao cinema, se combinavam de ir juntos até a escola – estudavam em escolas diferentes, mas o caminho era o mesmo -, se dizia que os olhos dela eram lindos e que ela era a única pessoa capaz de esconder tudo no olhar. “Eu olho para você e não consigo nem imaginar no que você está pensando”. Ela era misteriosa. E linda aos olhos dele.


Então um certo dia ela se mudou. Foi morar em um bairro diferente. Pertinho, mas não mais ao alcance da janela, do portão, do caminho da escola. E ele se arrependeu todos os dias até vê-la novamente de não ter convidado-a para ir ao cinema.


Mas um dia a chance chegou. Ele a encontrou dois anos depois numa locadora de filmes, ela estava escolhendo o que assistir, drama ou suspense, e ele sugeriu suspense, porque desde sempre adorou filmes que o fizessem ficar grudado na cadeira ou no sofá. Ele pagou um café pra ela, ela perguntou porque diabos eles nunca foram assistir alguma coisa no cinema, já que ambos eram fascinados por filmes e ele respondeu:


“Eu nunca soube se você iria dizer sim”. Dessa vez em voz alta.

O retorno

Muito tempo sem postar, mas muitas coisas pra contar. Finalmente coloquei em prática algo que sempre quis fazer, que sempre tive vontade de saber se tinha talento para ou não. Ainda é cedo para descobrir, mas tendo talento or not, estou gostando muito de investir minhas horas fazendo isso.



Uma bolsa de mão. Que bom que o tecido é bonito, isso salvou-a da desgraça estética.


E também tem isso, que a minha querida prima Carol me ensinou a fazer, entre uma cerveja e outra (fuxicooo):




Enfim, um hobbie por assim dizer, que tire a minha mente e mãos do ócio.

II) Ciúmes: Um sentimento que me corrói desde que me conheço por gente. Claro que só sinto isso porque gosto das pessoas. Se não gostasse, estaria cagando. Mas acredito que seja pura insegurança mesmo. Que droga, odeio sentir isso.

III) Terminei A Casa dos Espíritos, da magnífica Isabel Allende. Definitivamente, sou uma pessoa de romances. Pra que analisar a parte histórica da história, se ela senta muito bem apenas como pano de fundo? Nesse caso, a história da família Trueba é contada a partir dos seus peculiares personagens, remontando cerca de um século, em que o Chile passa pelo domínio das oligarquias rurais, passando pelo primeiro governo de esquerda, e chegando ao golpe e à ditadura militar. Isabel Allende, para quem não sabe, é irmã de Salvador Allende, último presidente a assumir antes da derrocada da democracia e a instalação do regime militar sob a espada de Augusto Pinochet em 1973. Durante o golpe, em meio ao alvoroço e histeria, Allende recusou-se a sair do Palácio da presidência e a se entregar, morrendo dentro das chamas que invadiram a sua sala (fato relatado no livro). Isabel é jornalista e dedica-se a contar por tabela a história da sua família, que certamente dá pano para manga. E repito que a narrativa e o próprio enredo das histórias dela são muito parecidas com as de García Márquez: o fantástico, as peculiaridades de cada personagem, as paixões arrebatadoras, tudo de belo e de feio também, é muito parecido. Enfim, só lendo mais algum autor aqui da América Latina pra saber se é um bem da cultura américo-hispânica essa forma fantástica (no sentido da fantasia) de contar histórias, de misturar irreal com verdade. Falta assistir ao filme agora, com a Meryl Streep. Vou ver se baixo.


IV) No serviço público não se trabalha. Quem disser o contrário está mentindo para você. E jornalista é capacho em qualquer lugar. Vive na mão e dependendo da permissão dos outros; pessimista parecer, porém real.

V) Essa madrugada ocorreu um fato que vai render histórias para o resto do ano, pelo menos. Com esse calor infernal estou dormindo no quarto de baixo, meu antigo quarto, onde há um ar-condicionado. O piso dos quartos, aqui em casa, é bem pequeno. Acordei pelas cinco da manhã, com o Pingo adentrando sem pedir licença no quarto, que estava com a porta só encostada e eu levei um baita susto. Aí levanto e vou até o banheiro, de onde estava saindo o meu irmão, no escuro. Ele ficou tão apavorado, mas tão apavorado, que começou a gritar e pular e pegou as minhas mãos e começou a esmigalhá-las. Eu disse “sou eu, André!”. E ele dizendo “eu vou te matar, Julianne!”. Hahahahahahahahhahahaha. Tadinho, pensou que eu fosse uma alma penada.

VI) Tenho para assistir Mulheres à beira de um ataque de nervos, que eu não vi, e September issue, que o mozi achou pra mim na internê. Um documentário sobre todo o trabalho em cima da edição de primavera da Vogue americana. Deve ser interessante.



Listening o barulho do ventilador e destilando. Beijos!