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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Coincidências

Voltando a um blog abandonado às moscas...

Falar em moscas, enchi meu quarto de adesivos de borboletas coloridas. São meio bregas, mas bonitos e alegres. Coloquei entre os vãos das prateleiras e envolta de um quadro que tenho. E um adesivo de gatinho. E coloquei uma borboleta na ponta do nariz dele. Fofo.

Das peças que a vida prega na gente.

Tenho uma simpatia muito grande por pessoas idosas, ainda mais que a maior parte dos meus avôs se foram, um a cada ano e só sobrou um, que mora longe ainda por cima.

Acordei atrasada para a consulta do médico. Já que acordei atrasada, fui fazer as fotos que fiquei de fazer e cuja falta me rendeu uma desconfiança da parte da minha professora de que a matéria que redigi não era de minha autoria. Eis que desci onde deveria ser o terminal onde deveria passar o ônibus que eu precisava e fico um tempo. Quinze minutos, meia hora. Vejo um senhor de cabelos brancos, bem arrumado, de paletó, apesar de simples. Ele sobe ao ônibus, o motorista diz que não vai até o destino dele, uma mulher se atravessa na frente dele e como quem releva a falta de educação, o senhor desce as escadas e dá um tapinha nas costas dela. Ele vira de frente e eu vejo que ele tem olhos azuis. Iguais a uns que eu bem conhecia.

Demorei uns dois minutos pra tomar coragem e perguntei.

“Posso perguntar qual o nome do senhor?”

“Maia.”

“O primeiro nome?”

“Oscar.”

Era o meu tio avô, que, pelo que não me falha a memória, nunca conversei de verdade, só cumprimentei algumas vezes. Eu disse que era neta do Jesus, filha da Alba. Jesus? Acho que passou pela cabeça dele que eu fosse alguma crente ou algo do tipo. Neta do Jesus. Alvim, eu disse. Jesus Alvim. E ele se lembrou. E começamos a conversar. E eu vi nos olhos dele a mesma pessoa que dei adeus há dois anos atrás. Incrível como são as coincidências da vida, como me atrasei e parei em uma parada que devo ter parado uma vez na vida e encontrei aquele senhor. Meu tio avô estava indo ao encontro da namorada, que mora em Viamão, e que há meses não o visita nem atende o celular. Ou ela deu um pé na bunda dele ou se foi de verdade sem nem dizer adeus. Fiquei curiosa pra saber o que aconteceu. O ônibus chegou e ele foi embora. Eu virei as costas com um sorriso.