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quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Leituras


Então. Passei a ler o livro “Serial Killers – Made in Brasil” de Ilana Casoy (sobrinha do Bóris e excelente contista pelo que pude constatar lendo algumas partes aleatórias do livro). É muito forte e impactante para ser lido de cabo a rabo de uma só vez. É demais. Tem algumas fotos dos perfis dos assassinos, dos locais dos crimes, das vítimas ao serem encontradas. E estes homens cruéis com um passado e uma infância ainda mais cruel, sem exceção, além de assassinos em série, são estupradores e esquartejadores. É difícil ler estas passagens sem se perguntar por que não existe pena de morte no Brasil. Entretanto, com o passar das entrevistas se nota o tom perturbado do discurso destes homens, nota-se que existe até em alguns deles, pais de família e maridos, algo de humanidade, períodos de uma existência “normal” e pacífica, até que se chega o momento da explosão de crueldade, de lapsos incontroláveis de violência e prazer no sadismo. Como disse o Monstro do Morumbi em um programa de televisão, ao ser entrevistado sem mostrar o rosto, “mães, cuidem de seus filhos”. A tendência natural destas pessoas, aliada a uma criação pouco afetiva e cuidadosa pode resultar em muitas coisas ruins. Agora você aí se pergunta porque eu estaria lendo um livro como esse e me proporcionando tais momentos de horror e angústia? Pois bem, pelo mesmo motivo que você assiste a filmes de terror: curiosidade, suspense e medo. Sentimentos que nos lembram de que estamos vivos.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Mulheres de Cabul

Peguei essa semana por curiosidade na biblioteca da Fabico o livro “Mulheres de Cabul”. Uma fotorreportagem emocionante, não só no sentido da palavra. Fiquei bastante tocada ao folhear as páginas e ver as fotos daquelas mulheres, carregadas de sentimento e mágoas que o regime do Taliban (ou Taleban) deixou ao Afeganistão de 1996 a 2001. Fiquei surpresa ao ver na contracapa uma foto da década de 1970, com três mulheres jovens passeando por Cabul de minissaia e cabelos soltos, e sorrindo. Como qualquer “ocidental”, como elas mesmas dizem nas entrevistas para a fotógrafa Harriet Logan, que realizou o trabalho a convite do London Sunday Times Magazine em 1997, e pouco antes da queda do regime do Taliban, retornou para avaliar a situação das mesmas mulheres e de outras que conheceu no meio do caminho.


Assim que o partido tomou o governo, ficou proibido a todas as meninas freqüentarem a escola; às mulheres, trabalhar fora de casa, aos homens, cortar a barba, a todos, rir em público. Todas as mulheres do Afeganistão tiveram de ir aos mercados comprar a burkha, sem a qual não poderiam sair de casa. Se deixassem alguma parte do corpo ou mecha de cabelo à mostra, eram espancadas na rua. É impressionante a resistência de cada uma. Algumas contam que suas amigas cometeram suicídio por não suportar o regime. Outras, mantinham escolas ilegais dentro de suas casas para continuar dando educação às meninas. Mulheres sem marido e viúvas eram obrigadas a mendigar ou trabalhar clandestinamente para sustentar a família. Algumas delas contam que sobreviviam com 20 dólares por mês, com três filhos para cuidar. É impressionante. Professoras, jornalistas, todas condenadas a ficar dentro de casa.


Sovita, 10 anos (2001): “Eu me lembro de como era ir à escola na época do Taleban. Eu queria continuar estudando, mas tinha medo, porque a escola era próxima à minha casa. E se os Talebans me pegassem e me fizessem ir à minha casa, para bater em meus pais também? Os filhos dos Talebans não freqüentavam a escola – eles não sabiam ler nem escrever. Por isso os pais dos Talebans não queriam que fôssemos mais inteligentes que os filhos deles. Não sei por que agiam assim. Se eu tivesse poder e fosse uma comandante e um Taleban me interpelasse, eu o executaria.”


De 1979 a 1989, a União Soviética ocupava o Afeganistão. Com a intervenção dos Estados Unidos e do Paquistão, os mujahidins assumiram o poder enquanto o Taliban se articulava como uma alternativa ao estado de guerra constante do país e com rigor religioso extremo. Muitos dos membros do Taliban cresceram em campos de refugiados do vizinho Paquistão, onde aprenderam táticas de guerrilha e se prepararam para a tomada de Cabul.



Mulheres de Cabul, 2006

Harriet Logan

Editora Ediouro

UK

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Relato de uma visita pela maior casa de espetáculos da Argentina

Depois de quase dez anos em reformas, o Teatro Colón reabre as suas portas para espetáculos. Tive a oportunidade de visitar o prédio de mais de 100 anos que ocupa as ruas Cerrito, Viamonte, Tucumán e Libertad, em uma visita guiada no dia 10 de abril. Na foto, a fachada do Teatro em frente à Plaza Libertad.

O prédio começou a ser construído no ano de 1888 pelo engenheiro italiano Francesco Tamburini. Numa tentativa de revitalizar os ares da capital Argentina e tornar a grande cidade uma metrópole moderna, Tamburini idealizou uma construção influenciada pelo glamour de Paris, inspirada no Palácio de Versailles. O átreo principal do Teatro, o Gran Vestíbulo, tem uma escadaria imponente, construída com mármore italiano e português. O chão do Salón Dorado, no primeiro andar, é feito de carvalho da Eslovênia e cada um dos lustres que adornam as suas dependências chega a pesar meia tonelada. A previsão de inauguração do prédio seria para 1892, no aniversário de 400 anos do descobrimento da América, mas foi entregue apenas em 1908. Nas fotos 1 e 2, os vitrais franceses do Gran Vestíbulo. Abaixo, busto de Beethoven e por último, um gárgula de mármore rosa no corrimão da escadaria do vestíbulo.

Além de ser uma casa de óperas, ballets e concertos, o Teatro Colón era o lugar onde a high class portenha se encontrava, para ver e ser vista. Muitas das pessoas que freqüentavam o Colón não necessariamente apreciavam a arte e os grandes salões eram usados para oferecer grandes bailes. A grande temporada de espetáculos era o outono e o inverno. O Teatro Colón também foi o primeiro a ter um ballet próprio na América Latina, em 1925, ano em que também criou uma orquestra e coral próprios. O auditório imponente, em forma de ferradura, tem capacidade para 2.478 pessoas sentadas e 500 em pé. O palco rotativo divide-se em três palcos diferentes para a mudança rápida de cenários e tem uma altura de 28 metros. O teto foi primeiramente adornado com arte de Marcel Jambón. Mas a administração do Teatro teve a ideia de colocar pedras gigantescas de gelo na base da construção do Teatro para resfriar a temperatura do local. A água do gelo deteriorou a pintura original e na década de 1970 Raul Sóldi deu um novo rosto à cúpula da casa de espetáculos. 1) A cúpula de Raul Sóldi 2) Lâmpada no hall que dá para as galerias 3) Parte das galerias do auditório 4) O imponente auditório do Colón.



O Teatro não é de propriedade nacional, e sim da administração municipal de Buenos Aires. Em 2001 começaram as primeiras atividades de restauração do prédio, que constituíram-se basicamente no polimento de todas as suas peças de ouro puro. Em 2008, a Lei da Autarquia do Teatro Colón deu plena independência às suas atividades, tornando a entidade uma pessoa jurídica com autonomia funcional e financeira. Mesmo sem finalizar as suas obras de restauração, o Teatro foi entregue em maio de 2010 e está novamente aberto a shows e espetáculos como o do pianista Keith Jarret, que pude presenciar no dia 12. Na foto, galerias lotadas na noite do show...



Crédito das fotos: Eduardo Rimoli

terça-feira, 22 de março de 2011

Aleatório


Acordo com sono. Durmo com a cabeça cheia. O que falta, o que me faz falta? Parece que quanto mais aprendo, mais me surgem dúvidas. Quanto mais percorro meu caminho, mais acredito que deveria ter tomado a direção contrária quando ainda era tempo. Mas a questão é se manter em movimento, certo? É não deixar a cabeça descansar nem parar. Não sei pra onde vou, mas sigo sempre em frente. Se bem que quando você não sabe para onde vai, qualquer caminho é caminho... E agora, hein José?

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Juro que não entendo pessoas mal-educadas. Pessoas que tratam bem os superiores e desprezam os inferiores (na hierarquia profissional). Pessoas com sorriso falso. Com risada amarela. Que quando ninguém está olhando, você é capaz de observar o quanto ela é vazia e superficial. Espero que ela dance, só mais um dia.

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O mundo acaba no ano que vem. Me dei conta disso somente agora. Uma amiga minha, fascinada por prognósticos apocalípticos, nos deu a letra: no dia 21 de dezembro de 2012 os planetas irão alinhar-se e o Sol vai ocupar o centro da Via Láctea. Neste momento, uma tempestade solar atingirá a Terra, causando efeitos imprevisíveis sobre os aparelhos eletroeletrônicos. Por volta de 1850 um evento semelhante aconteceu e desestabilizou a rede de telégrafos nos Estados Unidos. Hoje, as conseqüências de um evento destes podem ser catastróficas. E agora? Se algo se arma mesmo para o nosso lado e nós nem ficamos sabendo, para evitar o pânico? Difícil.

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Me divido. Sempre em dúvida. Pensamentos muito confusos para colocar ordem em alguma coisa...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Algumas observações...

Eu tenho um buraco em mim, um vazio do tamanho do mundo. Que eu sinto que não se preencheu a cada vez que eu escuto a tua voz impaciente, que nunca pode falar dois minutos ao telefone. "Deu, é isso?". Eu concordo que já passamos da época de ficarmos mudos do outro lado da linha, mas eu não posso evitar. Eu sinto o buraco dizendo que está ali e que não vai embora enquanto eu não o saciar com a tua voz, as tuas palavras, quando possível com o teu cheiro, com o teu tudo... Amar é uma prisão.

Sofreremos eternamente, mas quando amamos alguém voltamos toda a nossa atenção, o nosso esforço, nossa dor imensurável, o vazio que nos acompanha às vezes, para alguém que supostamente suprirá toda essa falta que, segundo a psicologia, não abandonamos a partir do momento em que nascemos e deixamos o lar quente e confortável que era a nossa casa. Talvez eu esteja sendo muito dramática, mas é o que eu sinto. Uma fome eterna de sei lá eu o que. Que só passa quando durmo tranquila ao teu lado, quando somos um.

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Toda essa falta que sentimos talvez explique o grande número de casais formais jovens hoje. Na época da minha mãe não era assim. Na da minha avó, era. Fui até uma ótica e um casal que parecia ter 16 anos de idade estava na minha frente. Estavam escolhendo alianças (das douradas). O rapaz ligou para a tia e pediu que comprasse com o cartão de crédito o par de alianças que ele pagava as prestações.

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