Assim que o partido tomou o governo, ficou proibido a todas as meninas freqüentarem a escola; às mulheres, trabalhar fora de casa, aos homens, cortar a barba, a todos, rir em público. Todas as mulheres do Afeganistão tiveram de ir aos mercados comprar a burkha, sem a qual não poderiam sair de casa. Se deixassem alguma parte do corpo ou mecha de cabelo à mostra, eram espancadas na rua. É impressionante a resistência de cada uma. Algumas contam que suas amigas cometeram suicídio por não suportar o regime. Outras, mantinham escolas ilegais dentro de suas casas para continuar dando educação às meninas. Mulheres sem marido e viúvas eram obrigadas a mendigar ou trabalhar clandestinamente para sustentar a família. Algumas delas contam que sobreviviam com 20 dólares por mês, com três filhos para cuidar. É impressionante. Professoras, jornalistas, todas condenadas a ficar dentro de casa.
Sovita, 10 anos (2001): “Eu me lembro de como era ir à escola na época do Taleban. Eu queria continuar estudando, mas tinha medo, porque a escola era próxima à minha casa. E se os Talebans me pegassem e me fizessem ir à minha casa, para bater em meus pais também? Os filhos dos Talebans não freqüentavam a escola – eles não sabiam ler nem escrever. Por isso os pais dos Talebans não queriam que fôssemos mais inteligentes que os filhos deles. Não sei por que agiam assim. Se eu tivesse poder e fosse uma comandante e um Taleban me interpelasse, eu o executaria.”
De 1979 a 1989, a União Soviética ocupava o Afeganistão. Com a intervenção dos Estados Unidos e do Paquistão, os mujahidins assumiram o poder enquanto o Taliban se articulava como uma alternativa ao estado de guerra constante do país e com rigor religioso extremo. Muitos dos membros do Taliban cresceram em campos de refugiados do vizinho Paquistão, onde aprenderam táticas de guerrilha e se prepararam para a tomada de Cabul.
Mulheres de Cabul, 2006
Harriet Logan
Editora Ediouro
UK
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